quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ela também estava no Bar…

Ela era bela, uma autêntica princesa, estão a ver a Jessica Rabbit mas em versão loira, estava a cantar como a Whitney Houston na música “One Moment In Time”, no filme “O guarda-costas”, no final da actuação até chorou de emoção. Ela esteve a preparar este show durante meses, foi pena estar tão pouca gente no bar, para assistir a este espectáculo magnífico, uma desilusão para tanto esforço.
Eu, o Dentista, na realidade sou a bela mulher do Bar e estou a iniciar-me como travesti, o nome da bela mulher que eu interpreto é Shirley. Depois desta má experiência, não sei se a Shirley votará um dia a actuar, só o tempo o dirá...
Quando estava nos camarins a preparar-me, a vestir-me de Shirley, vi uma das minhas vizinhas do prédio onde moro, a Estudante, fiquei em pânico na esperança que ela não me tivesse reconhecido, mas ela reconheceu e ainda por cima acenou. Não podia ser influenciado por este incidente, afinal iria ser a minha estreia e a Shirley tinha de estar maravilhosa, de vestido vermelho, luvas pretas, pestanas postiças...
Na minha vida real sou um homem igual a todos os outros, ninguém desconfia desta minha outra faceta, imaginem se alguém sabe que o seu Dentista á noite se veste mulher, tenho uma imagem a manter e uma carreira como Dentista pela frente.
No final da actuação a estudante, veio ter comigo mais uma amiga, só depois percebi que era a enfermeira que por sinal também é minha vizinha, o mundo realmente é pequeno. Vieram ter comigo para me darem os parabéns pela actuação, eu agradeci e pedi-lhes para não revelarem esta minha outra faceta. Acabamos por ficar os três á conversa numa mesa do bar, falamos das nossas vidas, dos nossos segredos e dos nossos sonhos. A conversa ia animada, ainda vestido de Shirley, naquela altura já era eu, o dentista vestido de mulher, nisto o dono do bar vem avisar-nos que o bar vai fechar e pagar o meu cache daquela noite e que tinha muita penas mas tínhamos de ir embora, mas a conversa ficou animada novamente quando percebi que também ele, o dono do bar vivia no mesmo prédio que nós e tinha acabado de se mudar para lá, mais ou menos à duas semanas, ainda não o tinha visto lá pelo prédio.
Foi a partir dessa conversa que ficamos a saber que todos nós tínhamos uma vida dupla, e tornamo-nos grandes amigos.
Agora sempre que temos algum problema vamos os quatro resolve-lo para o bar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é, todos nós temos uma vida dupla, ou pelo menos alguns segredos...
Descobri o vosso blog hoje, e estou a começar a ler tudo, do início. E estou a adorar !!
Fiquem bem.